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Japão prepara pacote de ¥13 trilhões diante de risco de recessão

O valor aumentará para ¥25 trilhões quando o setor privado e outros gastos forem incluídos

pacote de estímulo econômico
O Japão está preparando um pacote de estímulo econômico no valor de 120 bilhões de dólares para sustentar um crescimento frágil diante do risco de uma recessão, disseram na terça-feira duas autoridades do governo com conhecimento direto do assunto, complicando os esforços do país em consertar as finanças públicas.

Os gastos serão destinados a um orçamento suplementar para este ano fiscal até o próximo mês de março e a um orçamento anual para o próximo ano fiscal a partir de abril. Ambos os orçamentos serão compilados ainda este mês, disseram as fontes à Reuters, recusando-se a serem identificadas porque o pacote não foi finalizado.

O pacote chegará a cerca de 13 trilhões de ienes (120 bilhões de dólares), mas o valor aumentará para 25 trilhões de ienes (230 bilhões de dólares) quando o setor privado e outros gastos forem incluídos.

O jornal Nikkei informou no fim de semana que o governo japonês estava pensando em montar um pacote de estímulo em larga escala com gastos fiscais superiores a 92 bilhões de dólares.

O crescimento econômico do Japão caiu para seu nível mais fraco em um ano no terceiro trimestre, com a fraca demanda global e a guerra comercial entre EUA e China atingindo as exportações, alimentando os temores de uma recessão. Alguns analistas também temem que um aumento de 10% nos impostos sobre vendas, implementado em outubro, possa esfriar o consumo privado, que tem ajudado a compensar as exportações fracas.

Esses gastos podem sobrecarregar os cofres do Japão, que tem o maior fardo de dívida pública do mundo industrial, que supera o dobro do tamanho de sua economia de 5 trilhões de dólares.

Apesar do tamanho do estímulo, os gastos reais seriam menores no atual ano fiscal, e os economistas não esperam um grande impulso.

“Esperamos que o orçamento extra deste ano fiscal totalize em torno de 3-4 trilhões de ienes. Não devemos esperar que isso aumente substancialmente a taxa de crescimento do PIB”, disse Takuya Hoshino, economista sênior do Dai-ichi Life Research Institute.
Fonte: Alternativa com Reuters

Empresas japonesas adiam investimentos devido a riscos globais, mostra pesquisa

Cerca de 56% das empresas estão arquivando ou adiando alguns projetos

empresas japonesas adiam investimentos
A maioria das empresas japonesas adiou ou suspendeu os planos de investimento de capital como resultado da guerra comercial entre os EUA e a China e outros riscos globais, segundo uma pesquisa da Reuters concluída nesta sexta-feira (13), em um golpe potencial para a agenda econômica do primeiro-ministro Shinzo Abe.

Adiar as melhorias nas fábricas, equipamentos e tecnologia pode ser um precursor da redução total dos investimentos no momento em que os lucros e as perspectivas de consumo – a maior parte da atividade econômica – parecem estar diminuindo.

Uma em cada cinco empresas já cortou seus planos de gastos iniciais no Japão e no exterior para este ano fiscal, constatou a Reuters Corporate Survey, enquanto dois terços dizem que estão cumprindo seus planos.

O investimento empresarial é responsável por quase um quinto da atividade na terceira maior economia do mundo e tem sido um dos poucos pontos positivos. Impulsionar os gastos significa reformar equipamentos antigos e investir dinheiro em automação e alta tecnologia para lidar com a escassez de trabalhadores em uma sociedade em rápido envelhecimento.

As conclusões colocam um desafio às principais reformas econômicas de Abe, conhecidas como “Abenomics”, que buscaram gerar crescimento sustentável por meio da demanda e do investimento do setor privado.

Os resultados mensais da pesquisa da Reuters coincidem com a escalada da guerra comercial EUA-China e a desaceleração global, afetando a produção e as exportações. A confiança dos fabricantes atingiu uma baixa de seis anos e meio em setembro, mostrou a pesquisa da Reuters Tankan na quinta-feira.

“À medida que o relacionamento sino-americano se deteriora, precisamos esperar e ver como a produção muda da China para o Vietnã e a Tailândia”, escreveu um gerente de uma fabricante de produtos de metal e máquinas em geral que está suspendendo alguns projetos.

Cerca de 56% das empresas japonesas estão arquivando ou adiando alguns projetos de investimento previstos para este ano fiscal, de acordo com a pesquisa corporativa, que analisou 504 grandes e médias companhias entre 29 de agosto e 9 de setembro.

Investimento Estável
Embora a maioria das empresas japonesas tenha adiado alguns de seus projetos de investimento, cerca de dois terços dizem que mantêm intactas suas metas de gastos para o ano inteiro, sugerindo uma abordagem de esperar para ver, em vez de um abandono completo dos projetos.

No entanto, 19% disseram ter cortado os gastos planejados, enquanto cerca de uma em cada 10 empresas está aumentando os gastos com os planos iniciais.

No Japão, as empresas tendem a elaborar planos de investimento com cautela no início do novo ano fiscal e aumentá-los à medida que o ano avança.

Dados do Ministério das Finanças na semana passada mostraram que os fabricantes cortaram os gastos de capital pela primeira vez em dois anos entre abril e junho, enquanto a guerra comercial sino-americana e a desaceleração do crescimento global afetam as exportações e atividades industriais japonesas.

Essa desaceleração levou o governo a cortar sua estimativa do crescimento econômico do trimestre para 1,3%, ante 1,8%, refletindo um rebaixamento no crescimento dos investimentos durante esse período, quando a guerra comercial atingiu a demanda corporativa.

As empresas japonesas estão perdendo a confiança, à medida que são pressionadas por um golpe duplo de riscos externos e o aumento do imposto sobre consumo (shouhizei) de 8% para 10% no próximo mês.

“Não podemos prever o futuro, pois o aumento do imposto fará a economia estagnar”, escreveu um gerente de uma empresa de varejo.

Uma pesquisa do Gabinete divulgada na segunda-feira sinalizou uma perspectiva sombria de consumo. O índice de “observadores da economia”, que mede a confiança das empresas, permaneceu no nível mais baixo em três anos.

Uma guerra tarifária entre os Estados Unidos e a China agora envolve centenas de bilhões de dólares em mercadorias de cada país e ameaça o crescimento econômico global. Ambos os lados impuseram novas tarifas em 1º de setembro na escalada mais recente, embora Washington diga que as negociações comerciais serão retomadas neste mês.
Fonte: Alternativa com Reuters

Cartão My Number poderá ser usado como seguro de saúde no Japão em 2020

Governo estuda ações para promover a difusão do sistema que entrou em vigor em 2015

My Number seguro de saudeAutoridades do governo japonês decidiram em uma conferência realizada na sexta-feira (15) que irão encaminhar uma reforma de lei para que o cartão do sistema My Number possa ser utilizado como comprovante de seguro de saúde.

A ideia é fazer com que a medida entre em vigor a partir do ano fiscal de 2020, que inicia em abril do próximo ano.

De acordo com uma reportagem da emissora NHK, a baixa adesão do cartão tem causado preocupações ao governo.

Dados do último dia 5 mostram que, até o momento, apenas 12,6% dos usuários mandaram confeccionar o cartão, que entrou em vigor no final de 2015 e é fundamental para procedimentos burocráticos em repartições públicas.

A partir de abril de 2020, o governo pretende estrear ações que melhorem a praticidade do sistema, o tornando mais atraente. Entre elas está a possibilidade de emitir uma cópia do certificado de residente (juminhyo) nas lojas de conveniência.

Depois da conferência, autoridades do governo participaram de uma coletiva de imprensa para explicar mais detalhes do projeto.

O secretário-chefe do Gabinete Oficial, Yoshihide Suga, frisou a importância do sistema para a seguridade social do país.

“O My Number se trata de um sistema seguro e justo de seguridade social e queremos que se torne base de uma sociedade digitalizada e prática. Além de utilizar como seguro de saúde, queremos facilitar a emissão do cartão e vamos analisar um aprimoramento do plano de difusão, através do ministro Masatoshi Ishida (dos Assuntos Internos e Comunicações)”, explicou.
Fonte: Alternativa

Toyota: 23 indústrias paradas na segunda-feira

Pelo impacto do Terremoto de Hokkaido, a planta de Tomakomai teve interrupção por queda de energia elétrica na cidadetoyota linha producao3A montadora Toyota Motor, cuja matriz fica em Aichi, anunciou que está com 23 das duas indústrias paradas na segunda-feira (10). O motivo é a análise do estoque de peças, as quais são produzidas na planta de Tomakomai (Hokkaido), com produção interrompida por falta de energia elétrica.

As plantas paradas são 16 da indústria de automóveis e 7 de produção de peças, incluindo as da matriz em Toyota. As da Daihatsu que produzem veículos kei continuam a produção.

A Toyota Motor Hokkaido, na cidade de Tomakomai, está parada desde a ocorrência do terremoto, na madrugada do dia 6. Houve corte de fornecimento de energia elétrica em ampla área e a planta foi uma das atingidas.

Por esta razão, as demais indústrias tiveram a operação paralisada para analisar o impacto do abastecimento das peças na produção nacional.

Desde o Terremoto de Kumamoto, em abril de 2016, que a Toyota não tomava essa medida de paralisar as operações em grande escala.
Fonte: Portal Mie com Yomiuri e CTV

Taxa de desemprego aumenta no Japão e exigência do trabalhador pode ser a causa

Taxa do mês de junho subiu para 2,4%, 0.2 pontos percentuais a mais com relação a maio

taxa de desemprego no japao
Um levantamento do governo japonês mostrou que a taxa de desemprego no país ficou em 2,4% no mês de junho, com um acréscimo de 0,2 pontos percentuais com relação ao mês de maio.

A piora dos índices de contratações é a primeira a ser registrada nos últimos quatro meses, conforme informou uma reportagem da emissora NHK.

De acordo com o Ministério dos Negócios Internos e Comunicações, apesar do aumento em curto período, as taxas têm sido elevadas à longo prazo, devido a grande oferta de vagas e escassez de mão de obra.

O número de pessoas empregadas no mês de junho foi superior a 66 milhões, com um acréscimo de 1,04 milhão de pessoas com relação ao mesmo mês do ano anterior. Este aumento tem sido registrado consecutivamente nos últimos 66 meses.

O número de contratações informais, por empreiteiras ou trabalhos de meio-período, teve acréscimo de 560 mil pessoas com relação ao ano anterior, totalizando 21 milhões.

Os dados de junho mostraram que o Japão tem 1,68 milhões de desempregados. Com relação ao ano anterior, houve queda de 240 mil pessoas.

O Ministério explicou que uma possível exigência dos trabalhadores pode ter provocado o ligeiro aumento no número de desempregados do mês de maio para o mês de junho.

“Em um cenário de falta de mão de obra, muitos trabalhadores largaram seus empregos em busca de trabalhos com condições mais favoráveis. No entanto, as contratações têm melhorado ano a ano de modo geral”, comentou um porta-voz.
Fonte: Alternativa

Toyota e Honda confirmam segurança de alguns produtos da Kobe Steel

As investigações realizadas pelas montadoras seguem a revelação da Kobe Steel de que dados de inspeção sobre um grande número de produtos foram falsificados
kobe steel
Montadoras japonesa confirmaram o uso de produtos da Kobe Steel afetados pelos dados falsos de inspeção, mas disseram que não encontraram problemas de segurança até agora.

A Toyota Motor Corp. e a Honda Motor Corp. emitiram declarações no final da quinta-feira (19) descrevendo descobertas preliminares de verificações de materiais e peças da Kobe Steel. A mídia japonesa citou que oficiais de outras montadoras fizeram anúncios similares.

As investigações realizadas pelas montadoras, fabricantes de aeronaves e outros clientes da Kobe Steel seguem a revelação da empresa de que dados de inspeção sobre um grande número de produtos foram falsificados ou manipulados. A extensão do problema não está clara porque a Kobe Steel não identificou os clientes afetados pelo nome e ainda está investigando o problema.

Problema pode ter persistido por mais de uma década
No entanto, ela disse que dados sobre placas de alumínio, tubos e moldes de cobre e fios-máquina de aço usados em pneus e motores de veículos estão entre os produtos cujos dados não corresponderam às especificações ou eram falsos ou insuficientes. O problema pode ter persistido por mais de uma década, divulgou a mídia japonesa, citando ex-funcionários da Kobe Steel, sem identificá-los.

A Toyota disse em uma declaração que havia confirmado que placas de alumínio da Kobe Steel usadas em capôs, portas traseiras e outros componentes de seus veículos atenderam as exigências para resistência e durabilidade com base em dados da empresa que estava “bem além das especificações da Toyota.”

A Toyota disse que ainda estava investigando os produtos de alumínio da Kobe Steel.

Já a Honda disse que os painéis de alumínio eram os únicos produtos comprados diretamente da Kobe Steel. A empresa descobriu que todos eles atenderam aos seus padrões de segurança e que ainda estava investigando outras peças obtidas através de fornecedoras.

Muitos clientes da Kobe Steel disseram que estão verificando o problema. Até agora, nenhum deles confirmou qualquer risco específico de segurança. Contudo, no início desta semana, a Agência de Segurança de Aviação Europeia recomendou às empresas que suspendessem o uso de produtos da Kobe Steel quando possível enquanto elas revisam suas redes de fornecimento para identificar “peças suspeitas não aprovadas” da empresa que podem ter sido usadas.
Fonte: Portal Mie com Reuters

Palestra sobre Saque de Contas Inativas do FGTS em Hamamatsu

Palestra especial sobre saques de contas inativas do FGTS e outros temas no dia 2 de julho

Saque de Contas Inativas do FGTS
Uma palestra acontecerá em Hamamatsu, organizada pela HICE abordando sobre FGTS – como sacar de contas inativas e dúvidas em geral sobre procedimentos no Consulado.

Uma excelente oportunidade de tirar dúvidas de temas importantes para os brasileiros no Japão.

Data: 2 de julho, domingo, das 14h às 16h
Local: Centro Intercultural de Hamamatsu (Create Hamamatsu 4º andar)
Palestrantes:
Sr. André Maebashi – Superintendente da Caixa Econômica Federal
Sr. José Acioli – Vice-Cônsul do Brasil em Hamamatsu
Inscrições: 053-458-2170 (HICE – atendimento em português de terça a domingo, das 9h às 17h)

Informações:
HICE – Hamamatsu Foundation for International Communication and Exchange
Tel: 053-458-2170 Fax: 053-458-2197
Fonte: Portal Mie

Produção industrial no Japão cresce 0,2% em março

Indicador mostra "sinais de recuperação moderada"

O índice de produção industrial no Japão cresceu 0,2% em março em relação a fevereiro, registrando alta pelo quarto mês consecutivo, e mostra "sinais de recuperação moderada", segundo o relatório preliminar apresentado nesta terça-feira pelo Ministério da Economia. O aumento contrastou com a queda de 7,3% da produção industrial em março com relação ao mesmo mês do ano anterior.

As indústrias que mais contribuíram para a alta foram as de produtos químicos, excluindo remédios, componentes eletrônicos e aparelhos, assim como o de equipamentos elétricos de informação e comunicação. O Ministério da Economia, Comércio e Indústria espera que a produção industrial aumente em abril 0,8%, enquanto estima uma queda de 0,3% em maio, após a pesquisa realizada nas principais empresas japonesas.

Deste modo, espera-se que em abril contribuam de maneira decisiva para o aumento os setores de equipamento de transporte, equipamento geral e o papeleiro. Já para maio, a expectativa é de que a queda seja motivada pelo retrocesso dos setores de equipamento de transporte, metalúrgico e químico, segundo o relatório preliminar.

A produção industrial, que mede o ritmo das fábricas japonesas, é considerada essencial para antecipar o desempenho da economia do país, altamente dependente do setor manufatureiro.
Fonte: IPC Digital com Efe

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Produção de veículos deve se normalizar nos próximos meses no Japão

Aumento na produção é para compensar o atraso provocado pela paralisação após o terremoto de 11 de março

Enfim, uma boa notícia. As montadoras anunciaram que a produção de carros deve se normalizar nos próximos meses, mesmo com o racionamento de energia em boa parte do país. A Toyota disse que vai contratar de 3 a 4 mil trabalhadores a partir de julho. De acordo com Hello Work de Toyota (Aichi), essas vagas não estão disponíveis para os estrangeiros, mesmo assim, os trabalhadores brasileiros podem ser beneficiados. 

Quem explica é Ricardo Koike, dono de uma empreiteira na região. “O histórico demonstra que a Toyota Jidousha diretamente não contratava estrangeiros, mas ao redor delas, as fábricas que prestam serviços para ela, sim. Então não só o setor automotivo, mas em geral, a economia vai se desenvolver”, analisa. 

Esse aumento na produção seria para compensar o atraso provocado pela paralisação após o terremoto de 11 de março. Depois desse pico, o ritmo vai depender do que ocorrer também na economia mundial. 

Quem também quer pegar carona nessa retomada e aumentar as vendas é o comércio. Joana Inoue tem uma lanchonete no conjunto residencial Homi Danchi, e espera o retorno da clientela. Ela afirma que depois do terremoto, as vendas caíram cerca de 40%. “Anima bastante. Todo mundo começa a trabalhar. Os brasileiros estão bastante tristes, sem trabalho, e sem dinheiro”, comenta. 

Além da Toyota, outras cinco grandes empresas anunciaram que vão contratar mais trabalhadores nos próximos meses. A Honda pretende abrir mil novos postos de trabalho no mês que vem. A Nissan e a Isuzu vão contratar 200 pessoas até o final de julho. 

Mais quatrocentas vagas serão abertas pela Fuji Heavy também até o final do próximo mês. 

O mesmo prazo em que a Mitsubishi Fuso planeja contratar 100 trabalhadores. E em outubro, a Mitsubishi pretende abrir mais 500 vagas. Mesmo que, temporárias, essas contratações podem estimular o consumo, o que colabora para o crescimento de outros setores. 

Previsão de contratação Previsão de recuperação da produção
Toyota 3.000 a 4.000

a partir de meados de julho

Em julho, deve voltar ao mesmo nível de antes de 11/3
Honda 1.000 a partir de julho Quase normalizada no final de junho
Nissan 200 até final de julho Quase normalizada no início de junho
Mitsubishi 500 a partir de outubro Quase normalizada no final de junho
Fuji Heavy Industries 400 a partir de setembro Aumento a partir de outubro
Isuzu 200 a partir de junho Normalizada em junho
Mitsubishi Fuso 100 até final de julho Normalizada em junho
Fonte: IPC Digital

Emprego no Japão: Hora de recomeçar para os dekasseguis

Na década passada, os dekasseguis mandavam do Japão para o Brasil, anualmente, perto de US$ 2 bilhões, segundo estimativas oficiais. Em 2002, mandaram US$ 2,5 bilhões. Eram mais de 300 mil brasileiros descendentes de japoneses, que foram trabalhar na terra de seus ancestrais. Em 2008, veio a crise mundial – e a economia japonesa foi seriamente afetada. E, neste ano, a tragédia com o terremoto seguido de tsunami.

Com tudo isso, quem hoje quer ser dekassegui? Muita gente. Entre os que vieram desempregados pela crise, ou fugidos do cataclismo de 11 de março, há muitos planos para o retorno. Afinal, a região destruída, localizada na costa nordeste do Japão, terá de ser reconstruída. E isso vai exigir muita mão de obra.

Essa, no momento, é uma ideia não só falsa, como perigosa. Quem diz são pessoas que, há anos, lidam diretamente com os esses imigrantes. É o caso de Cori Passos, sócio da Shigoto.com, agência que há 12 anos cuida da colocação e viagem de dekasseguis. Ele disse que a reconstrução, em várias regiões, vai demorar. "Muitas cidades ficam na área contaminada pela radiação atômica", avaliou.

Na Associação Brasileira de Dekasseguis (ABD), fundada há 14 anos em Curitiba (PR), o tom é o mesmo. Glória Takemoto Hamasaki, que lida diretamente com os interessados, pede "bom senso" aos que querem voltar agora. "Não há condições atualmente. O governo do Japão está com dificuldade em manter as pessoas, garantir comida e água."

As perspectivas são de que a necessidade de mão de obra aumente a partir do fim do ano. O Conselho para o Planejamento da Reconstrução do Japão previu, nos últimos dias, que o trabalho dure dez anos. Além disso, os postos que eram ocupados pelos 14,5 mil mortos (e número semelhante de desaparecidos) terão que ser preenchidos.

Mas ninguém quer esperar. Cori afirmou que muitos já chegam com o passaporte dizendo ‘chega lá eu me viro’. "Mas hoje a situação está difícil", disse. Segundo Glória, eles se queixam de que fazem jornada regular de trabalho, de oito horas, e que a hora extra desapareceu.

Há os que querem mudar de emprego. "Eu digo não, estão ganhando pouco mas é garantido. Dá para pagar o aluguel, que é caro. Um casal paga US$ 700 (cerca de R$ 1,12 mil)." Para quem quer voltar ou quem quer ir, a especialista é taxativa: "Eu não aconselho. É bom cada um ficar no seu canto, é um risco ficar se mexendo nessa hora."

Glória salientou o problema da especialização da mão de obra. "Muitos não têm qualificação; aprenderam o trabalho lá no Japão como peões de linha de montagem de banco de veículo, por exemplo. Vão querer um posto de trabalho e não vão encontrar."

Em último caso, o conselho dela é: "Melhor vir do que ir". Afinal, aqui sempre se pode conseguir emprego com um parente, com ajuda de um amigo. "Lá não tem condições."
E há outro ponto, diz Helena Sanada, do Centro de Formação e Apoio do Trabalhador no Exterior (Ciate). "Depois da crise de 2008, o Japão passou a exigir que o dekassegui saiba falar, ler e escrever, ainda que minimamente, o japonês".

O Ciate é mantido pelo Ministério do Trabalho do Japão. Na década de 1990, quando os dekasseguis começaram a chegar, não sabiam nada sobre os costumes e as leis do país. O centro foi criado para orientar. Por mês, cerca de 150 interessados se inscreviam no curso, para aprender a língua japonesa, entre outros conhecimentos. Agora, a procura caiu a quase zero.

Novo cenário – Cori lembrou que o mercado de trabalho japonês mudou bastante. O setor de alimentação sempre esteve entre os que mais empregam. Mas, com o vazamento de radiação da usina de Fukushima e a contaminação de alimentos, as exportações de seus produtos declinaram.

Os dekasseguis que têm voltado desde a crise global de 2008 chegam com pouco dinheiro, constatou Glória, da ABD. Tradicionalmente, eles vinham depois de conseguir guardar uma boa quantia, muitas vezes suficiente para comprar uma casa. "Agora, eles vão embora insatisfeitos, por não terem alcançado seus objetivos." Isso explica também porque muitos querem retornar.

No caso dos que chegam, a ABD procura orientar sobre as condições atuais do mercado de trabalho brasileiro. Uma das saídas indicadas pela associação é a abertura de um negócio próprio.

Japão assiste à revoada dos estrangeiros
Os estrangeiros que deixaram o Japão, depois da tragédia de 11 de março, estão sendo chamados pelos japoneses de Flyjin – os gaijins (estrangeiros) que voaram (fly). Entre eles estavam, até 8 de abril, 7.472 brasileiros.

Os números são do Departamento de Imigração do Ministério da Justiça. Antes do 11 de março, havia no Japão 254 mil brasileiros. Formavam o terceiro maior contingente de dekasseguis, depois dos chineses e coreanos. Cerca de 185 mil chineses, 106 mil coreanos e quase 40 mil americanos também se foram.

O termo Flyjin está sendo usado informalmente em redes sociais e mensagens na internet. Seria uma reação dos japoneses que se mantiveram nos postos de trabalho, enquanto os estrangeiros fugiam. Entre esses, circula na colônia uma resposta pronta. Eles dizem que, nas demissões de 2008, motivadas pela crise econômica mundial, os japoneses foram poupados. E os estrangeiros, dispensados. E aqueles não reclamaram, como fazem agora.
Fonte: Diário do Comércio por Valdir Sanches
Fotos:
Jaime Oide e Sílvia Zamboni/Folhapress

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